Texto: Patricia Goedert Melo (estudante do curso de Relações Públicas)
Supervisão e edição: Claudia Quadros (professora do curso de Relações Públicas)
Como arte e ciência se aproximam, se conectam e produzem conhecimento de forma interdisciplinar? Essa é uma das perguntas que será eixo do evento online CiênciArte – Juntas e Misturadas, promovido pelo curso de Relações Públicas da UFPR no dia 14 de julho, às 19h, pelo Facebook do Floresta Delivres (@florestadelivres). A iniciativa é gratuita e realizada por estudantes do curso (2º período), sob a orientação da professora Claudia Quadros, com doutorado e pós-doutorado em Comunicação.
Para debater o tema, o CiênciArte convidou três pesquisadoras da área: Luana Marchiori Veiga, professora do curso de Artes Visuais da UFPR, doutora em Multimeios, com mestrado em Artes Visuais e graduada em Artes Plásticas, Multimídia e Intermídia; Juliana Gisi, também docente da Universidade, artista visual, mestra em Educação e doutora em Artes Visuais; e Luiza Schnitzler, mestra em Comunicação e graduada em Licenciatura em Artes Visuais. A mediação será feita pelas alunas de Relações Públicas, Julia Chagas Zanin Pereira, Luiza Giordani Medeiros e Yessera Viana Salvalaggio.
O evento, além de promover a discussão de que como ciência e arte podem contribuir para impulsionar a divulgação científica, também objetiva divulgar pesquisas de cientistas da área e reforçar ao público sobre a importância da ciência e da arte no cotidiano das pessoas. Além disso, também será um momento para mostrar como a arte tem se aproximado de outras áreas do conhecimento para o seu desenvolvimento científico.
Uma das convidadas, Luana Marchiori Veiga, irá abordar sobre as metodologias utilizadas pelo artista e pelo artista-pesquisador. Para ela, o papel da realização de eventos como o CiênciArte é levar ao público questionamentos e reflexões sobre as aproximações e conexões entre arte e ciência. “É um momento para desmistificar alguma oposição que as pessoas possam acreditar que exista entre ciência e arte, desmistificar a própria noção de ciência como uma coisa muito longe da prática das pessoas”, explica.
A professora irá contextualizar a pesquisa em arte e a pesquisa feita pelo artista. “Vou contar um pouco sobre como os artistas realizam seus trabalhos, pois, todos pesquisam para realizar os seus projetos. A diferença de um artista-pesquisador acadêmico é que existe uma produção textual, uma contextualização do seu trabalho na história da arte”, relata Luana. Além disso, ela destaca que um dos papéis da universidade é criar conhecimento e provocar reflexões e que a experiência para os estudantes do curso de Relações Públicas na promoção e organização do evento é fundamental. “Para o estudantes, se envolver nessas atividades desde o início de sua trajetória é uma forma para o conhecimento não ser apenas teórico, mas ser um conhecimento vivo, um conhecimento que é produzido por todos nós”.
Juliana Gisi, também convidada do evento, levará ao público uma conversa sobre a fotografia como um objeto para o saber artístico. Juliana chama a atenção para o fato de que a invenção da fotografia foi uma disputa entre ciência e arte. “A fotografia, à medida em que usa microscópios para fazer o registro das imagens, ou mesmo telescópios, pensando na distância entre o macro e o micro, tem uma função técnica que não deixa de ser estética, porque ela constitui um objeto visual e a beleza vai entrar no lugar da construção das imagens que são transmitidas”, coloca a pesquisadora. Ela também destaca que o uso da fotografia é muito presente em diversas as áreas científicas, desde a Antropologia, Sociologia, como Medicina, Biologia, Física, Geologia, Geografia etc. “São áreas que usam a fotografia e têm, inclusive, disciplinas de fotografia dentro dos seus cursos, pois é importante o aprendizado da codificação e da decodificação desses objetos”, destaca.
Já Luiza Schnitzler irá ofertar uma oficina na programação do CiênciArte, que tem como objetivo propor intervenções artísticas em fotografia. O participante poderá usar diferentes materiais que tenha em casa, como desenho, pintura, bordado, ilustração digital ou utilização de sites e plataformas de edição de imagens online. Será uma oportunidade para as pessoas terem contato com referências artísticas, com diferentes possibilidades de materiais e técnicas.
Ao final, o público poderá enviar suas criações feitas durante a oficina para a organização do evento, que irá publicar uma exposição virtual com os trabalhos. Luiza diz que, embora todo o processo da oficina desempenhe um papel essencial para o desenvolvimento de cada participante, ter um objetivo destinado à atividade é fundamental.
Realizar a oficina a distância será um desafio para Luiza, mas, ao mesmo tempo, uma oportunidade para experienciar novos formatos e possibilidades de ensino e aprendizado. “O principal desafio, ainda mais em uma oficina prática, é não ter o contato físico com os participantes. Conhecê-los, orientá-los um a um e integrá-los ao grupo é muito mais complicado no formato remoto. Mas, também pode possibilitar outras formas de ensino e aprendizado”.
A convidada ainda destaca a importância da realização do debate científico em conjunto com a comunidade, “ainda mais agora, no momento de grande descaso com a educação e ciência”. Para ela, é fundamental estar presente em diferentes comunidades para divulgar o que se faz na universidade pública, além do que, colocar a arte em evidência nessas discussões, é de extrema relevância. “Muitos enganos são cometidos ao se falar de pesquisa em arte. Além disso, lugares de debates são cheios de ideias e referências, trazendo novas vivências e muitas vezes interessantes insights”, conclui Luiza.
O CiênciArte é resultado de uma proposta formativa dentro da atividade do projeto interdisciplinar II, do curso de Relações Públicas, que envolve três disciplinas: Fundamentos do Audiovisual, Teoria de Relações Públicas e Projeto Agência I.
Claudia Quadros, professora que orienta os alunos no passo a passo da realização do evento, explica que todos os anos ela escolhe um grande tema para trabalhar com a turma. Para 2021, Claudia trouxe a ciência. “Dentro da perspectiva da Comunicação Pública para a Ciência, é necessário que o público também conheça as pesquisas realizadas na Universidade. Por meio do diálogo, entre cientistas e o público é possível descobrir possíveis e reais necessidades da população”. Além disso, e não menos importante, a professora reforça que o evento é uma forma de mostrar que o campo das Artes também faz ciência.
Depois que o grande tema é apresentado à turma, os estudantes se organizam em grupos e propõem subtemas para a atividade final, que é o próprio evento. Diferentes ideias foram apresentadas, como Ciência e Meio Ambiente, Mulheres e Ciência, Arte e Ciência. Esta última eleita pela turma e proposta pelas alunas Gabrielle Cordeiro de Araujo, Ana Clara Faiffer, Anneliese Murara, Julia Freire e Julia Ternoski. “Consideramos a necessidade de incentivar um olhar mais aguçado quanto à importância da arte para a sociedade. Pensamos, então, que nosso evento poderia ser um instrumento para impulsionar a valorização da arte e da ciência produzidas”, argumenta Gabrielle Cordeiro.
A aluna também afirma que momentos de troca de conhecimento – como o CiênciArte – são de extrema importância, tanto para a comunidade acadêmica, quanto para pessoas que têm interesse pelo tema e que ainda não fazem parte do cotidiano da Universidade. “Temos a possibilidade de expandir horizontes e adquirir novas percepções sobre temas que nem sempre são discutidos amplamente em nosso meio”, afirma a estudante
A organização de um evento requer diversas etapas, desde a concepção da temática, definições como data, horário, convidados, até o planejamento geral, divulgação, fluxo dos processos e das informações, a parte técnica e o pós-evento (com o levantamento dos resultados). Entretanto, realizar todas essas tarefas a distância e no início do curso deixam o desafio ainda maior. “Nossa maior dificuldade é fazer com que todas as comissões trabalhem em unidade, apesar da distância. Mas, criamos estratégias e resoluções para isso”, argumenta Gabrielle. A aluna também diz que a experiência é única, especialmente pela escolha do assunto: “um tema que é relevante, o que nos motiva muito”. Claudia complementa ao trazer que o setor de eventos é um dos mais lucrativos do Brasil, além de ser espaço para a atuação dos relações-públicas. “Nesta pandemia, os organizadores de evento precisaram repensar suas estratégias de comunicação. E a disciplina Projeto Agência I, que também contribui para formar profissionais que atuem em eventos, encontrou novos desafios”, conclui a professora.
14/07 | 19h
* 19h: As metodologias utilizadas pelo artista pesquisador.
Convidada: Luana Marchiori Veiga
* 19h30: A fotografia como um objeto para o saber artístico e seus desdobramentos nas décadas de 1960 1970.
Convidada: Juliana Gisi
* 20h: Oficina de intervenção artistica
Convidada: Luiza Schnitzler
Transmissão pelo Facebook do Departamento de Comunicação da UFPR – Floresta Delivres (@florestadelivres)
Atividade gratuita
Instagram do evento: @cienciarteufpr